quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Por Valério Mesquita

Uma grande comitiva governista trilhava a BR-304, rumo ao sertão. À frente, o governador Garibaldi Filho, levando o precioso líquido via tubulações, às regiões mais carentes. Conforme o relevo, hora os grossos e pretos canos apareciam na superfície, hora sumiam engolidos pelos desníveis do terreno. Junto a Garibaldi muitos candidatos faziam média, pegando carona no ato político-administrativo. Vez por outra, alguém gritava: “Lá vai o cano!”. Um pré-candidato a deputado federal, entusiasmado falou: “Lá vai a cobra preta de Garibaldi!”. Gari, calmo e comedido, olhou de lado e recomendou: “Diga isso só por aqui. Em Caraúbas, Patu, por acolá, não fale em cobra preta. Evite insinuações”. O riso foi geral. Falou a cobra criada.


Valério Mesquita narra que Chico Guajar, enquanto vivo, foi um eterno postulante à prefeitura de São Gonçalo do Amarante. Em carreira solo, Guajar fazia sua campanha falando em todas as esquinas do centro da cidade. “Vim para lutar. Vim para brigar. Vim para defender meus conterrâneos”, assim começava seus discursos. E recriando as palavras do seu ídolo político ele recitava: “Nada impediria de vir! O rio Potengi que nos separa é como um copo d’água! Mas que ninguém beba pra não morrer poluído!!”. Na última eleição que disputou, o guerreiro Guajar ainda conseguiu cinco sufrágios.